Em uma das sobreditas vertentes, que ain la conheci florestaes para machado, e na que era mais afastada da elevação do terreno a que alludi, por conseguinte a mais proxima da linha mogyana, fundou se a primeira povoação - UBERABA. Alli se edificou logo uma Capella, tendo por orágos Santo Antonio e S. Sebastião.

Este pequeno nucleo, composto de pessoal emigrado do então opulento julgado de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque, não excedeu de uma dezena de cabanas, construidas de pãos rolicos sobre esteios forquilhados, presos por sipós, sendo todo o mais material de folhas da palmeira baguassú, quer aos lados, quer no técto, e as en tradas fechadas com váras, pelo modo que então se chamava rodízio.

de

Do mesmo material e modo de construcção era tambem, nessa epocha, a Capella de Santo Antonio e São Sebastião de Uberaba.

Não conheço precisamente a data da fundação desse nucleo, nem a da edificação de sua Capella; penso todavia não andar muito ar redio, considerando a edificação e fundação datár do fim do anno de 1807, sob os auspicios do notavel sertanejo José Francisco de Azevedo, para quem se demarcou a sesmaria das Cabeceiras do Lageado que lhe fôra cedida pelo concessionario primitivo, José Gonçalves Pi

menta.

As florestas de ambas as referidas vertent 38 desapparecèram, devido ao implacavel machado e ao fogo, destruidores de nossas bellis simas mattas e capões; mas, quom quiz sso, ain la hoje conhecer a do primeiro povoado acharia, na sia ombocadura ao corrego do La geado, do lado opposto, isto é, á margem esquerda do mesmo corrego, a habitação do conhecido Raphael Dias da Slva; um velho respeitavel de noventa e dous annos de idade, que alli mora ha muitos annos, o qual dá noticia dos ultimos vestigios desse primitivo povoado e dos da sua Capella.

Polos aunos de 1809 a 1811, esteve naquella paragem o SargentoMor Antonio Eustaquio da Silva Oliveira, homem observador, o qual, reconhecendo não offerecer a localidade bois proporções para o desen volvimento de um povoado no Sertão da Farinha Pôdre, visto ter contra si, especialmente, a exiguidade de aguas, avançou se adiante cerca de duas leguas e meia, onde se lhe deparou o corrego LAGE - de numerosas vertentes em suas cabeceiras ; por conseguinte, com abundante abastecimento de aguas puras e ilhotes florestaes de prodigiosa vegetação, circulados por campos vic 1808.

Nesta localidade, na margem esquerda fundou uma situação (chàcara), que ainda conheci com a primitiva construcção; isto é, casa

baixa, tendo entrada por uma varanda aberta, pela qual era feita a servidão da casa, como era costume em muitas fazendas antigas de Minas-Geraes.

Nessa Chácara residio o Major Antonio Eustaquio até o seu fallecimento, facto que teve lugar a 6 de Fevereiro de 1832. (Veja se a nota 1). Reconstruida a casa de morada na dita chácara pelo tenente Fidelis Gonçalves dos Reis, depois pelo Governo Estadoal, alli func. cionou o Instituto Zootechnico mineiro.

O Major Eustaquio retirou se para Santo Antonio de Casa Branca, d'onde era natural, em 1811, e, sendo homem preponderante nos negocios publicos, conseguio que o Governo do Rio de Janeiro elevasse o primitivo povoado UBERABA, á cathegoria de Districto, por acto de 13 de Fevereiro de 1811.

Regressou o Major Eustaquio ao Sertão da Farinha Pôdre, investido dos cargos de Commandanto do Districto e Cura lor dos Indios. Sem abandonar a sua primitiva morala a Chácara -, veio edificar uma casa a cerca de dois kilometros d'aquella; casa que habita o obscuro escriptor desta narrativa desde 24 de Março de 1850, a qual, posto tenha recebido muitos melhoramentos, todavia ainda nelia se conhece a edificação primitiva.

O genio noso e caritativo do Major Eustaquio, seu caracter official e posi ão social, foi attrahindo a população do primitivo po voado, que se foi transferindo para a localidade da actual povoação de UBERABA.

As chocas das cabeceiras do Lageado forão abandonadas, e por conseguinte a primitiva Capella.

Crescendo o novo povoado nas margens do corrego LAGE, cuidouse logo de edificar nova Capella, com a mesma invocação de Santo Antonio e São Sebastião. O lugar eleito foi no campo, á meio kilo. metro da casa do Major Eustaquio, onde actualmente existe o Cemiterio construido em 1856 pelo benemerito missionario franciscano, frei Eugenio Maria de Genova.

Era essa segunda Capella de dimensões muito limitadas e de paredes de páus a pique e barro, atijolada e coberta de telha vã, zem forro, quando em 1847 a conheci. Nella continuou o culto religioso até sua demolição em 1856, para o seu terreno, já sagrado, ficar dentro dos muros do dito Cemiterio, como ficou; o qual tem a entrada justamente no logar onde era a porta principal da Capella. Dentro d' s muros do referido cemiterio ficou tambem um outro cemiterio, o primitivo, de limitadissimas dimensões, o qual conheci desde 1847 até 1856, tapado de muro rustico feito de pedra tapiocanga em parte e em parte de áchas de aroeira, ao qual dava entrada uma pequena can cella.

Era a tal Capella o segundo templo dedicado a Santo Antonio e

São Sebastião de Uberaba, constituido em primeira Matriz, pela elevação do povoado á cathegoria de parochia em 1820.

Com effeito, em 1818, o padre Hermogens Cassimiro de Araujo Branswik requereu, qne nesta nova Capella fossem continuados os soccorros do culto religioso (nota 2), graças que lhe foi concedida por Provisão de 20 de Julho (nota 3) e alvará de 3 de Agosto de 1818 (nota 4), como filial da parochia de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque, sendo a benção e a posse da mesma Capella effectuadas em 1 de Dezembro daquelle mesmo anno (nota 5), fazendo se em seguida o inventario de seus ornamentos e alfaias (nota 6).

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O Decreto de 2 de Março de 1820, elevou esta Capella á cathegoria de parochia independente, ficando assim constituida sua Matriz — a primeira MATRIZ.

Para regel-a, nomeou se-lhe vigario encommendado o padre Antonio José da Silva, sen lo afinal collado vigario effectivo o mesmo padre em 1830, occupando a até 1855, quando transferiu sua residencia para o Rio de Janeiro, onde falleceu como Cura da Freguezia do Sacramento.

Em 1847 encontrei a egreja matriz actual tendo apenas o telhado sobre estsios e baldrames de aroeira engradados, mas sem parades

nem assoalho.

Foi em 1848 que o Capitão Joaquim Antonio Rosa, homem de reconhecida probidade e muito prestigio, instado pelo povo, tomou a seu cargo a continuação das obras da Matriz-Nova. Constituiu-se Procurador para receber os donativos e applical os ás obras, conseguindo assim leval as quasi a termo. A Capella mor tinha então sido construida de taipa; foi abatida e edificada outra com os mesmos materiaes do corpo da egreja - páos a pique, ripas, barro e reboque; accrescentou-lhe as coxias lateraes.

Em 1857 o missionario franciscano, frei Eugenio Maria de Genova, fez-lhe construir vasta sacristia atraz da Capella-mor e amplo ádro, dotando-a com paramentos e alfaias.

En 1859, uma commissão de cidadãos benemeritos contractou com Joaquim Francisco de Ananias o augmental a para a frente e construir-lhe o Altar-mo, o Arco Craseiro, duas Torres e o Coro no augmento. As obras adiantarão-se, mas ficarão estacionadas por mais de tres annos: em 1855, quanto aqui se demorarão as forças que marcharão para Matto Grosso ao mando do Coronel Drago, ainda estavão as torres en esqueleto.

Todavia, o Capitão Joaquim Antonio Rosa The us serviços internos, até seu fallecimento no anno de 1886.

continuou a aliantar

em Poços de Caldas