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Tendo terminado a noticia, foi ella lida pelo distincto medico dr. João Teixeira Alvares, por monsenhor Ignacio Xavier da Silva, illustrado vigario goral do bispado e vigario da parochia de Uberaba, bem como por sua excellencia o senhor dom Eduardo Duarte Silva, illustre Bispo da Diocese de Goyaz. A todos pedi se dignassem fornecerme notas do que entendessem dever ser supprimido, mudado, ou accrescentado.

Todos me disseram nada dever alterar-se. Monsenhor Xavier dignou se, todavia, fornecer-me copia de um officio que lhe tinha dirigido a Camara Municipal, relativo ao patrimonio, em 1897; o qual transcrevo, por confirmar o que expuz sobre licenças para edificações; provando esse importante documento que a lei n. 128, acima transcripta (nota 18), merecia ter sido vetada.

Sua Excellencia o sr, bispo agradeceu-me verbalmente com effusão, o confeccionamento do meu modesto trabalho.

Eis o officio :

<< Paço da Camara Municipal de Uberaba, 12 de maio de 1897.

Revdm. sr. Conego Ignacio Xavier da Silva, vigario desta freguezia.

Tenho a honra de communicar-vos que a Camara Municipal desta cidade teve presente em sessão de hoje o vosso officio datado de 10 do corrente mez, relativo ás licenças concedidas para as edificações no perimetro desta cidade, mandou declarar-vos que essas licenças não importão transmissão de propriedade dos mesmos terrenos, os quaes, como sabeis, pertencem ao patrimonio da Matriz e não á Camara, e portanto esta não tem direito algum de vender taes terrenos, como não tem vendido.

A Camara, pois, concedendo as alludidas licenças, não faz, por isso, venda alguma.

Enganão-se, pois, os que tendo alvará de licença para edificar, se julgam proprietarios das terras comprehendidas no mesmo alvará.

E' o que, em nome da Camara, ne cumpre levar ao vosso Conhecimento.

Saude e fraternidade.

O Presidente da Camara e Agente Execu

tivo, Wenceslau Pereira de Oliveira.

A MUSICA EM UBERABA

Com o retrato do fundador da corporação musical União Uberabense e duas photographias do seu pessoal em 1889 e 1902. (*)

POR

Antonio Borges Sampaio

Socio correspondente do Instituto Historico e Geographico do Rio de Janeiro, Effectivo do de S. Paulo e Correspondente do Centro de Sciencias, Lettras e Artes de Campinas.

UBERABA

1902

Offerecida ao « Archivo Publico Mineiro » pelo autor

Seu correspondente official

() As photographias foram guardadas no competente logar deste Archivo.

(N. da R.)

1

A musica em Uberaba

Pela agremiação de algumas familias n'um ponto afastado, for ma-se o povoado — arraial.

Pouco tempo depois, edifica-se a capella para o culto religioso e chega Padre.

Construida esta, tendo o Padre ou não, o nucleo sente a necessidade da musica por duplo fim religioso e profano.

Na maioria dos casos, é esta a primeira corporação que se fòrma em o novo povoado, sendo o seu director o Mestre-Escola dos meninos da nova aldea.

Não sei se isto succede assim em todos os paizes, ou mesmo em algumas das zonas do Brasil; pelo menos, nos lugares que por aqui conheço, ha mais de meio seculo assim aconteceu.

Talvez que por não se dar isso em toda a parte, os historiadores que se hão occupado em descrever o começo de uma povoação, raras vezes determinão se a tratar, localmente, desse util e agradavel elemento de sociabilidade -a musica.

Entretanto, a musica, se não tiver visto nascer a povoação, tel· a-ha visto crear e desenvolver-se.

E' que a musica tambem, por sua vez auxilia a agremiação, deleitando e civilisando.

Quantas vezes não tenho ouvido dizer, com ufania, aos habitantes desses povoados em embryão: « já possuimos uma banda de musica ».

Verdade é que, nesses lugares, meia duzia de musicos, mesmo que sejão principiantes, fórmão a corporação e esta satisfaz ás necessidades da localidade, como nas grandes cidades os melhores arregimentados artistas, bem instrumentados.

E nesses lugares aldêanos, com essas bandas de musica, as festas são bem alegres !...

A MUSICA!...

Haverá necessidade de encarecer a musica, essa arte tão geralmente espalhada, tão poderosa em seus effeitos, e que tanto con tribue, de maneira a mais poderosa e feliz, aos encantos da vida civilisada, e o mesmo da selvagem?

R. A.-10

Não ha essa necessidade.

A musica tom o privilegio de excitar as sympathias e as emoções, actuando viva e profundamente sobre a alma.

Dizia Cap, ha mais de meio seculo, que a musica é a arte destinada a agradar e a commover.

Cap dizia a verdade, quer se applique a asserção ao profano, quer ao religioso; para os effeitos da vida, ou os lamentos da morte. E' que a musica descança em bazes tão racionass, como as outras artes.

Mas, para bem o sentir e julgar, necessitamos, não só de organisação especial, como tambem conhecer os seus effeitos sociaes; bem como o seu alcance sério e util.

Reflectindo-se sobre a necessidade, desde os tempos mais remotos ate nos, os homens têm sentido o beneficio da musica--no descanço e no combate; na magoa e no prazer; seus effeitos nas cerimonias religiosas; no abrilhantamento das festas da egreja, da praça e do domicilio; como ella contribue ao deleite ou á victoria, nos varia dos casos da nossa existencia; o allivio que dá após as nossas preoccupações; o consolo aos que sobrevivem ; c emprego que pode ter nas muitas horas que proporciona a nossa vida para o repouso concebe-se que, longe de ser frivola, esta arte é das mais necessarias aos homens reunidos em sociedade; uma consolação; um beneficio; um meio poderoso sobre o nosso espirito. Que, emfim, suas applicações popularisadas, contribuem poderosamente para o bem estar social.

Tal deve tambem ter sido a razão porque, nas povoações nas centes, forma-se, em breve, a banda de musica.

Pelo que respeita á povoação de Uberaba, na antiga Farinha Podre soi, que a primeira corporação de musica que nella se organisou, foi a dos BERNARDES.

Compunha-se de irmãos e parentes de uma familia numerosa de poucos recursos, conhecida geralmente pela alcunha dos Bernare mais de um outro membro, que se lhe aggregava. Conservou-se de 1815 até 1850.

des

Ainda conbeci, desde cincoenta e quatro annos atraz, alguns dos mais velhos destes musicos, quasi todos rabequistas ou coristas: entre elles, creio que o fallecido por ultimo, o de nome Joaquim Bernardes Ferreira que cantava tiple na edade de mais de setenta

annos.

Os instrumentos então usados por aquella corporação musical érão- as antigas trompas circulares, ás quaes se addicionavão tubos,

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