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alferes Tiradentes era um homem nobilissimo, digno noutro paiz das attenções do governo. O unico crime que tinha era amar a patria e querer vel-a livre do despotismo da metropole ». (Padre Ignacio Nogueira).

Ao receber a intimação da sentença, que mantinha a sua condemnação à morte, disse serenamente :

<< Sempre disse aos ministros, quando por innumeras vezes fai ante o tribunal, que em mim só fizessem justiça. Não quero levar atraz de mim tantos infelizes >>.

Nesta situação suprema, os religiosos rodearam Tiradentes <<< cheios de admiração e respeito », diz frei Raymundo de Penna Forte, que em outro topico de sua memoria deixa cahir esta sentença lapidaria :

<< Foi um daquelles individuos da especie humana que põe em espanto a propria natureza. »

Outros muitos depoimentos poderiam aqui ser registrados evidenciando perante a Historia a eminencia sem par do heroico martyr, hoje felizmente alvo da gratidão nacional e do culto dos republicanos.

AUGUSTO DE LIMA.

TIRADENTES (*)

Romaria civica

O club «Floriano Peixoto», desta Capital, promotor da brilhante festa civica realizada ante hontem em Ouro Preto, commemorativa do supplicio de Tiradentes, tem razão de sobra para se considerar satisfeito pelo brilhantismo que tiveram esses festejos.

A romaria civica á invicta cidade, berço das nossas mais caras tradições e theatro onde se desenrolaram cs acontecimentos que precederam a nossa independencia e que tiveram por epilogo a morte affrontosa do abnegado Tiradentes, foi sem duvida nenhuma um acontecimento magno que será lembrado por muitos anncs a vir como um testemunho eloquente do entranhado amor patriotico que domina os espiritos dos membros daquella importante associação republicana, que em boa hora se organizou com o elevado fito de commemorar as ephemerides nacionaes e defender a Republica em quaesquer emergencias.

Entre todos os acontecimentos que abalaram profundamente os espiritos no periodo colonial, dando eloquentemente a caracteristica de nossa infibratura de povo que almejava liberdade, a conjuração mineira occupa saliente logar, já pelas circumstancias tragicas que a rodeiaram, já pelo pensamento superior que a animou e

tro não era, como aliás está provado, sinão a independencia da pa tria sob a forma republicana federativa.

O club «Floriano Peixoto» quiz este anno dar uma feição nova á commemoração do dia 21 e o conseguiu brilhantemente.

Nenhuma lembrança podia ser mais feliz do que essa da romaria á velha Capital, romaria que teve a mais accentuada feição das grandes festas populares.

(*) Noticia publicada no «Minas Geraes» de 23 de Abril de 1992.

(N. da R.)

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Nada faltou a ella, todas as classes sociaes adheriram á grande idéa.

Vamos em ligeiras linhas dar uma pallida descripção do que foi essa festa, que accendeu em todos os corações o enthusiasmo pa. triotico.

A PARTIDA

Conforme tivemos occasião de noticiar, a partida do trem espe. cial, posto à disposição do club para conduzir os romeiros e as familias á velha Capital, estava marcada para às 4 horas da manhã..

Minutos antes daquella hora já a estação do ramal ferreo se achava repleta de pessoas que pressurosas aguardavam o momento da partida.

Organizado trem especial, que se compunha de seis carros de primeira classe, tomaram nelles logar os romeiros, sendo reservado um carro para as senhoras e outro para a banda de musica do 1. batalhão.

A's 4 horas em ponto, depois de trocadas as ultimas saudações ás pessoas que ficavam e por entre vivas enthusiasticos á Republica, à memoria de Tiradentes, de Floriano Peixoto e ao som festivo de uma marcha alegre, começou o trem a mover-se em direcção a Ouro Preto, a cidade eterna do povo mineiro, na phrase eloquente de conhe cido collega de imprensa.

A VIAGEM

Foi feita por entre as maiores expansões de alegria, sendo em cada estação por onde o trem passava augmentado o numero de

rome ros.

Desta Capital, além dos socios do club «Floriano Peixoto»>, foram tambem a Ouro Preto muitos alumnos da Faculdade Livre de Di reito e do Gymnasio, muitos funccionarios publicos e senhoras, sendo o numero dos romeiros superior a quatrocentas pessoas.

A estação de Miguel Burnier apresentava-se toda enfeitada de galhardetes e folhagens, graças ao agente, sr. João Barroso, e aos seus auxiliares, que por essa forma captivaram a gratidão de todos quantos estavam empenhados no brilhantismo dos festejos.

EM OURO PRETO

A's 11 em ponto chegavamos a Ouro Preto, onde os republicanos daquella cidade fizeram uma carinhosa recepção aos romeircs, que foram saudados em eloquentes palavras pelo sr. dr. Lucio dos Santos, orador oficial do club «Floriano Peixoto» dalli,

A ORGANIZAÇÃO DO PRESTITO

Logo depois de trocadas cordiaes saudações entre os republica. nos das duas cidades, foi dado começo á organização do prestito, que seguiu garboso em direcção á Praça Tiradentes, na seguinte ordem:

Banda de musica da Brigada Policial, em grande uniforme e logo em seguida o pavilhão da Republica, empunhado pela gentil senhorita Maria Coutinho, que era ladeada por mais de 50 republicanos desta cidade e da de Ouro Preto. Vinha depois o estandarte do club <«<Floriano Peixoto», conduzido pelo 1.o secretario dessa associação, e seguido de todos os seus membros.

Logo após vinham as seguintes aggremiações, todas com os seus estandartes: Escolas de Minas e de Pharmacia de Ouro Preto, Externato do Gymnasio Mineiro, club dos Lacaios, Imprensa Official de Minas, Arcadia Mineira e Faculdade Livre de Direito.

Os representantes do governo do Estado, de varias associações, e da Camara Municipal vinham em seguida.

Fechava o prestito grande massa popular e a banda de musica da Conceição.

A ESTATUA DO PROTO MARTYR

O prestito assim organizado desfilou pelas ruas da estação, Rosario, Tiradentes até a Praça da Independencia, onde todas as associaçocs se acercaram do monumento do proto martyr, que se achava ornamentado com muito gosto, vendo-se na base do mesmo o retrato do marechal Floriano Peixoto circumdado de apetrechos bellicos, ө de bandeiras nacionaes. Sobre o monumento viam-se tambem muitas flores e nos seus quatro angulos erguiam se columnas de folhagens encimadas por bandeiras.

A COMMEMORAÇÃO CIVICA

Pouco depois da chegada da procissão civica áquelle local, appareceu na escada do monumento o sr. dr. Augusto de Lima, o festejado poeta e orador, que emprestou o brilho de sua palavra para maior imponencia dessa solemnidade.

Saudado por uma demorada salva de palmas, começou depois o seu brilhante discurso, cujo resumo è o seguinte:

O orador, depois de expor o fim e alta significação daquella ho. menagem, cuja iniciativa coube ao club «Floriano Peixoto», de Bello Horizonte, pelo orgão de seu illustre presidente o dr. Prado Lopes,

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