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O telegramma dirigido a este ultimo é redigido assim:

<< Romeiros republicanos, filhos de differentes terras da Patria, reunidos neste momento em Ouro Preto em redor da effigie do Protomartyr, enviam aos correligionarios da Capital, juntamente com as saudações amigas, os protestos de fé e resistencia republicana. >>

As senhoras sabarenses mandaram de Ouro Preto ao Club Tiradentes, do Rio, um telegramma collectivo de congratulações.

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A imprensa foi representada nos festejos pelos seguintes srs.: Lindolpho Azevedo, pelo Diario de Minas; Gustavo Farnese, pela Tribuna Catholica; A Cidade, de Ouro Preto, pelo sr. tenente José Rosemburg; 0 Pharol, pelo sr. coronel Antonio de Carvalho Brandão; O Commercio de Minas, pelo sr. Alyrio Carneiro, e o Minas Geraes, pelo sr. Francisco Murta.

-A estação de Ouro Preto achava se muito bem ornamentada, bem como a rua Tiradentes daquella cidade.

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Os romeiros foram recebidos na antiga Capital ao estrugir de varias galvas de dynamite.

Representou nos festejos o sr. coronel Alfredo Vicente Martins, commandante da Brigada Policial, o seu ajudante de ordens, alferes João Franco do Couto.

- O club «Floriano Peixoto», de Juiz de Fora, foi representado pelo sr. major João Libano Soares e o de Abre Campo pelos srs. tenente coronel Luiz da Cunha Pinto Coelho e major Modesto Pinto Coelho.

As municipalidades de Queluz, Barbacena e Sabará se fizeram representar respectivamente pelos srs. drs. Benjamin Amaral de Lima, Clodomiro de Oliveira e coronel Daniel da Rocha Machado.

O sr. dr. Prado Lopes e os seus collegas de directoria do club <<Floriano Peixoto» muito penhoraram a gratidão dos romeiros pelas attenções que a todos dispensaram.

A directoria do club «Floriano Peixoto» vae dirigir um officio de agradecimento ao srs. revm. padre Marcos Penna e capitão Francisco de Paula Bueno de Azevedo, pedindo-lhes que sejam seus in. termediarios no agradecimento que faz a todas as pessoas que coadjuvaram directa ou indirectamente a realização dos festejos em Ouro Preto.

O nosso conterraneo sr. Francisco Soucasoux tirou diversas photographias do prestito e das festas em Ouro Preto.

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Foi profusamente distribuido na antiga Capital e entre os ro. meiros o discurso pronunciado na sessão magna do club «Floriano Peixoto» desta Capital, em 15 de novembro, pelo sr. dr. Augusto de Lima, sobre a lucta colonial pela independencia.

A magistratura federal estava representada pelos srs. drs. Gama Cerqueira, juiz seccional, Sizinio do Valle e Albino Alves Filho, juiz substituto e procurador seccionaes.

- Dirigiu a romaria a digna directoria do club «Floriano Peixo. to», composta dos srs. dr. Prado Lopes, major Augusto Sales, Jeffer son Mourão e Joaquim Penido.

A LUCTA COLONIAL

PELA

INDEPENDENCIA?

Sr. presidente, exms. senhoras, cidadãos. - Agradeço-vos cheio de vivo reconhecimento, as demonstrações de sympathia com que saudaes a minha presença nesta tribuna. Mais que uma deferencia generosa para com o orador, ellas significam eloquentemente um voto prévio de assentimento patriotico e de merecido louvor aos illustres republicanos iniciadores desta commemoração civica, os quaes emprehenderam provar que a data da proclamação da Republica não é uma simples ephemeride, mas indica a solução definitiva e irretractavel do problema politico de nossa Patria. E nem é a primeira vez que o fazem esses sinceros patriotes, que compõem o <<<Club Floriano Peixoto», em cujo seio, como no antigo sanctuario latino, arde, guardado com zelo e vigilancia pela vestal da Republica, a crença pura da liberdade.

Um dos mais bellos traços que apresenta a historia da humanidade, dizia o nosso Alencar, é o culto respeitoso que votem os grandes povos aos grandes dias de sua patria.

A cidade antiga, berço de toda a civilização do occidente, bavia em seus mais fundos alicerces cimentado com suas crenças primitivas, esse culto dos grandes dias, chrcnologia de pedra que perpetuava em unidade ininterrupta o lar, o municipio, a nação.

Symbolo de feitos heroicos e de acontecimentos notaveis, uma simples data evocava todo um passado, e nesse passado um exemplo, um estimulo e uma licção.

(-) Discurso proferido por Augusto de Lima na sessão magna do ‹Club Floriano Peixoto», de Bello Horizonte, em 15 de novembro de 1901.

(N. da R)

E assim era effectivamente o dia 21 de abril para os romanos, data entre todas festiva, por ser a da fundação da Urbs.

As nações modernas, em sua avidez de progresso e aperfeiçoamento, si têm desapprendido mais de uma licção da sabedoria antiga e desse solido bom senso, cuja maior força repousava na tradição, vão mantendo comtudo esse ritual, remanescente de crença que tem podido atravessar todas as vicissitudes do espirito humano.

O acontecimento que hoje se commemora é ainda recente, pequeno é o periodo decorrido delle até hoje, momento fugaz no intermino evolar do tempo, instante imperceptivel na vida de uma nação.

Mas essa data traduz uma aspiração nacional, como elo de uma cadeia de datas anteriores, exprimindo a ascenção do espirito popu. lar para a realização dos seus destinos superiores.

Colonia, vice-reino, reino, imperio independente, Republica livre e soberana, tal o signo do nosso zodiaco politico.

Si elle representa a formula verdadeira e exacta do direito publico, si o ultimo termo dessa progressão é realmente o marco final e legitimo, o ponto de parada e repouso dessa longa odyssẻa da li. berdade, cccorre perguntar:

Porque tantas decepções e desenganos, tanto sangue de irmãos derramado, tanto pulso crispado contra as alturas, tanta ameaça aos céos desta Patria, em cujo limpido azul, em cuja riqueza sideral, como num vasto escrinio de joias immortaes, fomos buscar o emblema radioso do Cruzeiro para constellar a nossa bandeira? Exerceram um direito os que proclamaram a Republica? Cumpriu seu dever o povo acceitando essa proclamação?

Eis o que se trata, em syntheses geraes, de demonstrar na presente sessão.

Já uma vez o disse e hoje repito: Deodoro, o herós deste dia, representa Tiradentes promovido a marechal por antiguidade de um seculo e merecimento do martyrio.

Muito mais recuado, entretanto, é o sonho da liberdade nacional. Nas epochas mais remotas da nossa historia, em que insignificante era o numero dos colonos, contrastando com a area immensa da terra de Cabral, dir-se-hia que a natureza, por um privilegio singu lar concedido ao golo americano, fazia palpitar nelle um coração virgem ardendo pelo noivado que lhe annunciava dos cèos o grande Cruzeiro do sul. Esse anhelo de civilização, não o poude polluir e turvar a ambição mesquinha dos primeiros colonos, nem o sangue dos aborigenes derramado por aquelles nas aras da execranda fome de riquezas, nem os crimes abominaveis praticados em nome do direito das gentes, civilizando por eliminação.

Corramos os olhos sobre esse passado, embrião e infancia de nossa Patria.

Passára o anno glorioso de 1500. Estava rasgada para sempre nos mares a larga estrada entre Lisboa e S. Salvador, por onde vele. javam as frotas lusitanas.

Emmudecera ha muito o ultimo suspiro das preces com que frei Henrique solemnizára a descoberta de Cabral, e no alto do monte Paschoal, solitaria agora, avultada pela perspectiva da eminencia, entre a terra e os céos, abria amplamente os seus braços fraternizadores uma cruz, que recebia nas aragens do mar as saudações da velha Europa e no vento terral as fortes emanações balsamicas das florestas virgens, digno insensorio para a nacionalização do Evangelho no Novo Mundo.

Mas nem sempre foi á sombra dessa cruz que se exerceu a actividade dos colonos: esta circumstancia determinou os primeiros attrictos da lucta pela nacionalidade. Em 1534 traçou D. João III o seu plano de colonização, dividindo o Brasil em 12 capitanias hereditarias, mixto de feudalismo e despotismo. Escravização de indios, monopolio no commercio, asylo e homisio a criminosos, privilegios para os donatarios, servidão da globa para os trabalhadores, eis o que foram essas doze capitanias. Tambem a sua organização não durou muito. A oppressão gerou a reacção e alguns dos donatarios tiveram de abandonal-as. A concurrencia extrangeira veio providencialmente animar a reacção local, prenuncio do espirito de independencia.

D. João III, dizem os historiadores daquelle tempo, dentro em pouco reconheceu os inconvenientes do seu systema de colonização, pois que a grande extensão das capitanias era a causa de não poderem os donatarios se soccorrer contra os ataques dos selvagens e contra as aggressões dos piratas francezes, e resolveu crear um governo unico, a quem ficassem todos os outros sujeitos para evitar tambem conflictos entre os donatarios.

Não foi esteril a primeira agitação contra a tyrannia colonial dos donatarios. Com Thomé de Souza, (1549 a 1553), levantaram-se os primeiros campanarios da vida municipal. As villas de S. André, Santos e Itanhaen são as antepassadas dos nossos actuaes municipios livres. A administração ecclesiastica emancipara-se com a creação do bispado da Bahia, á cuja testa foi sagrado D. Pero Fernandes Sardinha, martyr mais tarde do canibalismo dos selvagens.

Não cessaram, porém, as agitações. No governo de Duarte da Costa, successor de Thomé de Souza, revoltaram se as colonias da Bahia, do Espirito Santo e de Pernambuco e os francezes installaramse no Rio de Janeiro.

No governo de Mem de Sá dá se a renhida peleja com a gente de Villegagnon ; e a este acontecimento se deve a fundação da grande cidade, imposta pela necessidade de futura defesa. E assim o goverR. A. - 21

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